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O caminho da arte

O caminho da arte
26/05/2023

A arte tem muitos caminhos – e eles podem ser vivenciados de muitas formas. Um deles está em abolir a divisão entre arte e ciência, pois, ao contrário do nosso mundo marcado por especialistas e especialidades, é desejável, como ocorria no Renascimento, a busca simultânea de saberes nas mais variadas áreas.

 

Nessa perspectiva, enquanto o homem medieval idolatrava Deus e o tecnológico acredita na técnica em si mesma; o essencial consiste em valorizar o poder humano de criar, conservar e destruir o mundo – e o que nele existe. O artista, portanto, precisa estar além do virtuosismo, aliando a alma ao talento.

 

O artista digno desse nome mantém viva a capacidade de estar sempre em mutação, combatendo a acomodação, principalmente quando escolas e mestres mais formatam indivíduos do que os prepara. Cabe ao criador desenvolver a consciência de perceber como a grandiosidade geralmente está nos detalhes.

 

O que é necessário são artistas humanos, capazes de ver na arte uma forma de transcender o cotidiano, não tanto no sentido místico – ou talvez inclusive nele –, mas, principalmente, no estético e, acima de tudo, no existencial. Isso exige humildade, atitude cada vez mais rara no mundo instagramável.

 

Oscar D’Ambrosio

(@oscardambrosioinsta)

Pós-doutor e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.

Imagem: O grande século , 1954 por Rene Magritte