A pergunta que dá origem a este texto tem a sua correspondência cinematográfica no filme “Tick, Tick… Boom!”, disponível na plataforma Netflix. Trata-se de um musical semiautobiográfico sobre o compositor e dramaturgo Jonathan Larson, celebrizado pelo musical “Rent”, um dos maiores sucessos da Broadway de todo os tempos.
Andrew Garfield, que já interpretou o Homem-Aranha, vive o protagonista, um aspirante a compositor prestes a completar 30 anos em crise existencial. O filme, dirigido por Lin-Manuel Miranda mostra as encruzilhadas do artista entre se dedicar à música ou ter empregos comuns, como garçom ou publicitário.
Os dilemas do personagem são os mesmos que estão colocados na pergunta inicial. Perante a indagação, pode-se ter uma resposta apaixonada: “SIM! Todos vão gostar dela!”. Geralmente esse otimismo acaba por se revelar exagerado, pois uma experiência individual nem sempre atinge a universalidade.
Um segundo caminho é “TALVEZ”, carregada de maior racionalidade, pensando que diferentes públicos, cada um com as suas preferências (emotividade, racionalismo técnico, valorização da criatividade), dará diferentes respostas. Uma terceira alternativa é “NÃO!”, talvez porque se esteja mostrando o trabalho ao público equivocado.
O essencial parece ser não cair no simplismo do SIM, TALVEZ ou NÃO. Uma possibilidade é pensar que tudo é vendável desde que apresentado dentro de alguns parâmetros. O principal está em escolher o que mostrar, como fazer isso e para quem.
Assim é possível receber retornos qualificados que ajudam a tomar decisões.
Como mostra o filme, atingir a emoção, buscar o aperfeiçoamento constante e quebrar paradigmas não são ações excludentes. Perante a vida artística, pode-se escolher a gaiola ou as asas. Se observarmos e admiramos um pássaro, é fácil verificar qual caminho ele prefere.
Oscar D’Ambrosio
Imagem: @gallo_arts