textos

diárias de bordo

Caminhos da crítica de arte

Caminhos da crítica de arte
19/05/2023

Se, por um lado, a produção artística em si não é uma ciência, a análise da obra artística pode ser considerada como tal, pois tem um método. Ao se falar em ciência, porém, não se pode pensar em algo único. Há numerosas vertentes, como a empírico-analítica, a histórico-hermenêutica e a dialética.

 

Para os primeiros, a ciência é um estágio avançado do ser humano, após este ter passado pelos estágios mitológico e teológico. O seu conceito positivista, de que a ciência trabalha com verdades absolutas, no entanto, teve um sério abalo no século XX, com a teoria da relatividade e a física quântica.

 

Na análise empírico-analítica positivista, o foco da análise é o objeto analisado, com uma busca absoluta da objetividade, como ocorre nas ciências naturais e nas pesquisas em laboratório. Na análise histórico-hermenêutica, o cientista ganha o primeiro plano ao buscar compreender o objeto analisado.

 

Desses dois enfoques, brota um terceiro, o dialético, que acredita na interação entre sujeito e objeto como caminho para a análise de alguma realidade, social, econômica ou artística. Da influência mútua entre o objeto e quem o analisa, surge uma profícua crítica de arte. 

 

Há o crítico que analisa a obra fria e tecnicamente, utilizando critérios técnicos como se estivesse diante de uma planta ou animal a ser dissecado. Existe ainda o que adota critérios subjetivos, deixando de lado qualquer abordagem lógico-científica; e, finalmente, existe a possibilidade de encontrar no objeto as suas contradições essenciais.

 

Elas costumam estar ligadas ao conflito maior de um artista: a distância entre o que ele vê no mundo e o que ele gostaria de ver. Dessa diferença, podemos ter arte. Cabe ao crítico identificar como o criador expressa seus conflitos plasticamente por meio de formas, linhas, cores ou outros recursos plásticos.

 

O crítico, ao se debruçar sobre um objeto artístico, na proposta dialética, gera um novo conhecimento, pois discorre sobre o que foi feito e sobre o que já se falou sobre o que analisa. Contribui com a sua reflexão ao valorizar o antigo, rever o presente e caçar e descobrir nele os talentos futuros.

 

Oscar D’Ambrosio

 

Imagem: @gallo_arts