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Você compra artes? (Parte 4)

Você compra artes? (Parte 4)
15/01/2022

Obras de arte são manifestações culturais que expressam relações variadas com o universo por meio de figuras, formas, palavras, sons, gestos e outros signos criados e estruturados de modo a produzir prazer ou outro tipo de emoção oriunda de um impacto estético.

 

 

Na avaliação financeira, há elementos essenciais: quanto o criador deseja receber e quanto o público está disposto a pagar. A equação é complexa e passa por diversas perguntas sobre qual é a obra, quem é o artista, materiais utilizados e público que se deseja atingir, entre outras.

 

Existe o componente técnico, que abrange o relacionamento do artista com os seus meios (a tela, os pincéis e a tinta, no caso da pintura), e o simbólico, voltado para a trama complexa de relações entre a arte, o sujeito e a sociedade. Tudo isso é levado em conta.

 

Conceber a arte como investimento significaria, em termos econômicos, realizar uma aplicação de recursos em empreendimentos ou produtos que renderão lucro. Quando se pensa em arte, porém, essa frieza de dados numéricos precisa ser vista sob nova perspectiva.

 

A arte é investimento que permite obter um prazer estético renovado a cada observação atenta do que se possui. Quando se pensa em investir em arte, não se trata apenas de ter um quadro ou escultura em casa e verificar como o trabalho valoriza no mercado ao longo do tempo.

 

É necessário avaliar como a posse de um trabalho dignifica quem o tem. Ingressar no mercado de arte levando em conta a lógica quantitativa e numérica pode não ser satisfatório. As informações sobre valores são fundamentais, mas não substituem a relação afetiva entre o comprador e a pintura.

 

Eles precisam dialogar numa esfera que vá além do dinheiro e que passe pela sensibilidade, gosto e afetividade. Barato e caro perdem o sentido, sendo apenas duas facetas de um universo que conjuga o que o mercado dita com aquilo que o coração sente.

 

Nessa balança entre a frieza numérica e a emotividade humana, apenas há um grande vencedor: aquele que se deleita em ter uma obra de arte que julga significativa, considerando-a (por que não?) um investimento, mas também um motivo de prazer estético.

 

Oscar D’Ambrosio

 

Imagem: @gallo_arts