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Você compra artes? (Parte 1)

Você compra artes? (Parte 1)
13/01/2022

Se a pergunta que intitula esta série de textos te mobiliza, você deve ser artista, admirador ou investidor de arte. Vamos mergulhar nela em uma série de pequenos textos.

 

O mundo da arte pode ser visto como um universo em que o produzir arte, vendê-la e consumi-la forma uma tríade de complexos relacionamentos. Alguns dados são muito significativos. Um deles: geralmente a pessoa que tem dinheiro para comprar não tem uma formação adequada para discernir, por exemplo, entre o trabalho de qualidade e aquele que apenas repete modas estrangeiras ou nacionais.

Após a Segunda Guerra, por exemplo, houve um deslocamento do centro do mundo da arte da Europa para Nova York. Os EUA passam a ter então uma posição de hegemonia mundial e de produção de uma arte “autônoma”, no sentido de não louvar as produções do passado europeu, convivendo com a action painting e a pop art.

 

Enquanto a primeira defende a força do gesto, a segunda se volta para a apropriação da cultura pop como mecanismo de expressão. A arte chamada conceitual, logo em seguida, com sua raiz metalinguística seria o extremo desse raciocínio, em que se faz arte para refletir sobre o que ela é, num processo que conduz paulatinamente a um grande vazio, que pode estar pleno de sentido, de acordo com a proposta.

A criação de um público de arte, nesse contexto, estaria ligada a três questões interligadas: a eliminação da ideia de arte como algo sublime; o entendimento dela como a própria existência de um objeto, independendo de sua finalidade; e o emprego de quaisquer técnicas desde que elas permitam a inserção no mercado da arte.

 

Você pensa nessas questões enquanto produtor, observador e consumidor de arte?

 

Oscar D’Ambrosio