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O Pequeno Príncipe e as Artes Visuais

O Pequeno Príncipe e as Artes Visuais
04/01/2022
Se considerarmos as obras de arte oráculos, imagens são enigmas do ser. Constroem travessias. São interrogações sobre experiências de vida que não se encerram em si mesmas, mas abrem portais.


 

 

 

O Pequeno Príncipe, célebre protagonista do livro publicado em 1943 do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry em sua jornada, visita sete planetas. Cada um deles tem apenas um habitante, com uma característica, que pode ser interpretada como uma faceta daquilo que pode parecer arte.


 

 

 

O primeiro tem como habitante um Rei, que deseja ser obedecido. Coloca-se em uma posição de superioridade, dizendo que pode realizar todos os desejos desde que seja na hora adequada. Não tem súditos ou poder a não ser o que atribui a si mesmo. Vive da ilusão de ser rei.


 

 

 

No segundo, há um morador vaidoso. Pede aplausos para tudo aquilo que faz e usa um chapéu para retirar da cabeça em gesto de agradecimento. Apenas quer ser elogiado e admirado por tudo aquilo que faz sem desenvolver qualquer senso crítico de si mesmo.


 

 

 

No terceiro, habita um homem bêbado, que diz beber para esquecer da vergonha de beber. Mergulhado em um círculo vicioso, não consegue abrir seus horizontes, caindo na mesmice da repetição que apenas o deixa estagnado.


 

 

 

No quarto, o Pequeno Príncipe encontra um homem de negócios que investe todo o seu tempo em uma única atividade: contar estrelas. Seu único prazer é possuí-las. Assim agem muitos colecionadores de arte. Seu prazer é ter e contar sem pensar no que fazem e como podem ajudar a humanidade.


 

 

 

No quinto, mora um acendedor de um lampião. Ele apenas segue as regras que determinam que o acenda e apague cada vez que o planeta completa uma volta, que dura apenas um minuto. Em vez de questionar a ordem, ele fica sem descansar ou dormir para cumpri-la.


 

 

 

O sexto tem como habitante um geógrafo. Julga ir a campo uma atividade menor para o seu saber. Escreve, portanto, apenas o que os outros, chamados de exploradores, lhe relatam, demandando provas para não incorrer em erros no que registra em seu livro.


 

 

 

Na sua viagem pelos planetas, o Pequeno Príncipe nos mostra alguns aspectos a serem pensados por quem trabalha com arte: achar que tudo sabe; querer receber aplausos por tudo que faz; repetir-se e acomodar-se; pensar apenas no dinheiro; apenas obedecer às normas; e considerar a prática algo menor, mergulhado em teorias exatas e vazias.


 

 

 

Ah! O último planeta que o Pequeno Príncipe visita, a conselho do velho geógrafo, é a Terra. Mas os personagens que ali encontra já merecem outras reflexões.


 

 

 

Oscar D’Ambrosio