Símbolos sagrados em várias culturas e nas mais diversas épocas da história, as árvores são essenciais na poética visual de Abel Rodríguez (1944, Cahuinarí, Colômbia). Representações da própria vida e das transformações da natureza, em sua verticalidade ascensional e alterações pelas estações, indicam as mais diversas conexões com o universo como um todo.
Conhecido como Don Abel, o artista é um “sabedor”, ou seja, um “nomeador de plantas”, treinado desde a infância a conhecer os diversos usos práticos e rituais das diversas espécies vegetais da floresta, segundo as tradições da sua etnia, a Nonuya, pertencente à família linguística bora, que habita Puerto Santander, na Amazônia colombiana.
Mogaje Guihu (“pluma de gavião brilhante”), como o artista é chamado na sua comunidade, mudou-se para Bogotá no começo do século XXi e, sem estudos formais de arte, começou a desenhar de memória a floresta na qual viveu até então. São obras delicadas e detalhadas. Realizadas com grafite e tinta sobre papel, transmitem serenidade.
Junto à árvore, estão os animais, apontando para a integração entre os diversos componentes dos ciclos da natureza. O conjunto indica que os seres humanos perderam as suas conexões primordiais com o universo, com as árvores e com os animais. É esse alerta que o trabalho de Don Abel sutilmente apresenta
Oscar D’Ambrosio