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Dançarino do Ano, de Trajal Harrell

Dançarino do Ano, de Trajal Harrell
05/09/2021
Há performances que são atos de poesia. É o caso de “Dançarino do Ano”, do norte-americano Trajal Harrell (1973), apresentada na 34ª Bienal de São Paulo. Dançarino e coreógrafo americano, ganhou destaque pela série intitulada “Twenty Looks or Paris is Burning at The Judson Church, Harrell” (2009 – 2013), em que propunha diálogos entre dois universos dos anos 1960 nos EUA: as coreografias que resultaram na chamada dança pós-moderna, no Greenwich Village; e o voguing, competições de dança organizadas em bailes da comunidade LGBT afro-americana no Harlem. Nascido na Geórgia, formado na Universidade Yale e bolsista Guggenheim para Artes Criativas, Harrell se apresenta na Bienal de São Paulo de quinta a sábado, das 11h às 12h e das 14h às 15h. A ativação do espaço realizada no sábado 4/9 mostrou a riqueza de gestos desses universos, em que se mesclam a inclusão pós-moderna do cotidiano na dança, a sensualidade do voguing, a precisão de gestos das danças orientais e a delicadeza dos acenos carinhosos e lançamentos de beijos ao público. A ação se insere na reflexão do artista sobre como a sua indicação ao prêmio de Dançarino do Ano, em 2018, pela revista “Tanz” alterou a visão que ele tinha dele mesmo e da que os outros tinham dele. A performance é realizada em um espaço chamado de “Dançarino do Ano Loja #3”, em que, após a performance, Harrell conversa com o público e coloca à venda objetos pessoais que marcaram a sua vida. Assim, a dança e a memória afetiva se mesclam e fascinam poeticamente.


 

 

 

 

 

 

Oscar D’Ambrosio