A partir de matérias-primas consideradas lixo pela nossa sociedade de consumo, Danilo Cunha desenvolve seu trabalho visual. Papel, madeira e papelão tornam-se arte justamente porque não são tratados pelo criador visual como restos de uma sociedade, mas sim como o começo de uma jornada. O que permite a essas obras de arte ter força expressiva é lançar sobre o mundo circundante um novo olhar. Dessa maneira, aquilo que é rejeitado ganha um novo valor. Passa a ser articulado de maneira a construir novas possibilidades de entendimento. O que era marginal se torna central. Assim, aquilo que parecia não ter uso prático se converte em reflexão estética; e o que era descarte e vivia à margem se torna protagonista. Entendido como centralidade, interpreta o que nos cerca. Cada trabalho faz então pensar e remete a uma esfera em que o criar se dá na junção do conceber e do realizar.
Oscar D’Ambrosio