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Cidade Pacífica, de Ambrogio Lorenzetti

Cidade Pacífica, de Ambrogio Lorenzetti
21/08/2021

O pintor italiano Ambrogio Lorenzetti (c. 1290 – 1348), da chamada Escola Sienesa, tem como sua obra-prima os afrescos nas paredes do Salão dos Nove (Sala dei Nove) ou Salão da Paz (Sala della Pace) no Palácio Público de Siena. Realizadas no começo do Renascimento, consistem de um grande grupo de três painéis, cada um com duas cenas.

 

Os temas são a Alegoria de Bom e do Mau Governo, os Efeitos do Mau Governo na Cidade e no Campo, e os Efeitos do Bom Governo na Cidade e no Campo. Trata-se de um panorama sobre a vida na Ida Média. Lorenzetti, que teve sua biografia incluída na obra “Vidas” (1550), do italiano Giorgio Vasari, primeiro historiador de arte, pintou as obras, entre 1338 e 1339, para lembrar os Nove magistrados executivos de Siena da importância de suas decisões para a comunidade.

 

Na mais longa parede do Salão está o afresco “Os efeitos do Bom Governo na Cidade e no Campo”. Parte desse afresco é a chamada “Cidade Pacífica”. Representa cenas de Siena no século XIV. É uma vista panorâmica repleta de palácios agrupados, mercados, torres, igrejas, ruas e paredes. Há muitas lojas, indicando prosperidade econômica.  À direita, pessoas trabalham em seus negócios. À esquerda, ocorre uma procissão de casamento, enquanto jovens dançam, indicando rituais da primavera ou talvez representando as Nove Musas das Artes e Ciências da mitologia grega.

 

A mensagem aos líderes da cidade é que um governo, se for virtuoso e governar com justiça, fará a cidade prosperar. Um texto na borda inferior da parede diz: “Vira os teus olhos para a contemplares, tu que governas, que aqui é retratada a Justiça, coroada por sua excelência, que sempre dá a todos o que lhe é devido. Vejam quantos bens dela derivam e quão doce e pacífica é essa vida da cidade onde é preservada a sua virtude, que ofusca qualquer outra. Ela guarda e defende aqueles que a honram e os nutre e alimenta. A sua luz retribui àqueles que fazem o bem e dá o devido castigo aos ímpios” .

 

Oscar D’Ambrosio