Maria Auxiliadora da Silva (Campo Belo, MG, 1935 – São Paulo, 1974) é muito mais do que uma artista autodidata brasileira. Seu reconhecimento internacional e nacional ocorre pelo estabelecimento de uma ímpar criação visceral na representação de temas como cenas da vida doméstica rural e urbana, religiões afro-brasileiras, danças, festas, carnaval e autorretratos, principalmente durante os últimos anos da vida, quando enfrentou uma luta contra o câncer. Oriunda de uma família de artistas, tinha um diferenciado senso de cores, de composição do espaço e de uso de materiais, como a aplicação de camadas grossas de tinta ou gesso misturadas com seu próprio cabelo para criar relevos nos seios. A imagem “Maria Auxiliadora”, realizada com acrílica, carvão e pastel oleoso sobre papel por Luís Só (@bancodossonhos), lida justamente com essas múltiplas dimensões da ousada e ativa criadora mineira. O olho no meio da testa, os braços que se multiplicam, a luz que emana de sua cabeça e o vestido verde pleno de esperança a tornam eterna.
Oscar D’Ambrosio