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El Quiosco, de Enrique Aravena

El Quiosco, de Enrique Aravena
12/08/2021

Realizado com técnica mista, o tríptico “El Quiosco” (2,50 x 4,50 m), de Enrique Aravena (@enrique.octavio.aravena), torna-se uma metáfora da humanidade. O tema é uma praça com um coreto (“quiosco”, como se diz no México), uma banda tocando e pessoas do povoado no entorno.

 

A cena, típica de uma pequena cidade interiorana em um domingo, é resultado de sete meses de trabalho e está disponível para venda. Uma leitura mais aprofundada pode ser feita quando se mergulha na importância, no México, dos “quioscos”, entendidos como pavilhões que ficam em uma plataforma elevada sem paredes, cujos pilares sustentam uma cobertura.

 

Os detalhes da arquitetura dos “quioscos” são diferentes em cada localidade, sendo geralmente pontos de referência associados a cafés, centros musicais ou danças típicas, principalmente aos finais de semana, sendo geralmente um ponto obrigatório a ser fotografado nas cidades mexicanas.

 

Nascido em Temuco, sul do Chile, Enrique Aravena (1948), radicado em no Brasil desde 1976, mora em Ibiúna, SP, e já expôs em diversos países. A sua pintura abrange a delicadeza das crianças brincando com balões, um artista fazendo retratos, meninos jogando bola, mãe e filha portando flores, casais conversando, cães livres e homens em mesas de bar.

 

O maestro e os músicos comandam a cena na parte central do tríptico, estimulando casais a dançarem, enquanto crianças compram pirulitos enormes ou brincam com patinete. A natureza não surge apenas como complementar ao cenário, mas tem papel protagonista para compor um ambiente de equilíbrio e harmonia.

 

O conjunto, pela leveza das cores, das pinceladas e das cenas retratadas, seja individualmente ou na relação que se estabelece entre elas, aponta para a capacidade de Aravena instaurar um universo visual em que as diversas facetas de um povoado – e da própria condição humana –

 vêm à tona com ampla expressividade e lirismo.

 

Oscar D’Ambrosio