Alguns consideram o belo uma característica de uma pessoa, animal, lugar, objeto ou ideia que oferece uma experiência perceptual de prazer ou satisfação. Mas não se pode ter essa sensação perante aquilo que é considerado feio?
Outros entendem a beleza como um estado em equilíbrio e harmonia com a natureza que levaria a sentimentos de atração e bem-estar emocional. Mas não há beleza em uma tempestade?
Existem ainda os que dizem que a beleza é uma ideia acima de todas as outras; ou ainda que a virtude ou o sublime estariam associados a ela.
Em contrapartida, o feio teria um aspecto considerado pouco atraente ou desagradável. Bem subjetivo, não?
Pode-se argumentar então que o feio não obedece aos padrões de beleza convencionais. Mas esses paradigmas são necessariamente belos?
O disforme e o desproporcionado também são associados ao feio, mas o excesso de beleza convencional não pode ser chato e, portanto, feio?
E o que é um tempo feio? O chuvoso e o frio são desagradáveis? Feios, portanto? Mas a chuva pode ser bela...
Qual é o belo que você prefere experimentar? Qual é o belo que você deseja perpetuar?
Qual é o feio que você almeja rejeitar? Qual é o feio que você consegue esquecer?
Qual é, afinal, a fronteira entre um viver feio e bonito?
Quando a beleza se torna feia porque dói? Quando o feio se torna belo porque encanta?
O belo é igual ao feio porque a beleza não está na visão de quem olha. Reside na percepção de quem a sente, universo em que a razão não reina.
Oscar D’Ambrosio
Imagem: Lucas Taylor / CERN: http://cdsweb.cern.ch/record/628469