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Entre o belo e o feio

Entre o belo e o feio
27/07/2021

Alguns consideram o belo uma característica de uma pessoa, animal, lugar, objeto ou ideia que oferece uma experiência perceptual de prazer ou satisfação. Mas não se pode ter essa sensação perante aquilo que é considerado feio?

Outros entendem a beleza como um estado em equilíbrio e harmonia com a natureza que levaria a sentimentos de atração e bem-estar emocional. Mas não há beleza em uma tempestade?

Existem ainda os que dizem que a beleza é uma ideia acima de todas as outras; ou ainda que a virtude ou o sublime estariam associados a ela.

Em contrapartida, o feio teria um aspecto considerado pouco atraente ou desagradável. Bem subjetivo, não?

Pode-se argumentar então que o feio não obedece aos padrões de beleza convencionais. Mas esses paradigmas são necessariamente belos?

O disforme e o desproporcionado também são associados ao feio, mas o excesso de beleza convencional não pode ser chato e, portanto, feio?

E o que é um tempo feio? O chuvoso e o frio são desagradáveis? Feios, portanto? Mas a chuva pode ser bela...

Qual é o belo que você prefere experimentar? Qual é o belo que você deseja perpetuar?

Qual é o feio que você almeja rejeitar? Qual é o feio que você consegue esquecer?

Qual é, afinal, a fronteira entre um viver feio e bonito?

Quando a beleza se torna feia porque dói? Quando o feio se torna belo porque encanta?

O belo é igual ao feio porque a beleza não está na visão de quem olha. Reside na percepção de quem a sente, universo em que a razão não reina.

Oscar D’Ambrosio

Imagem: Lucas Taylor / CERN: http://cdsweb.cern.ch/record/628469