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diárias de bordo

Poema e Obra visual de Euro S. R. (11)

Poema e Obra visual de Euro S. R. (11)
18/07/2021

[ A física e a matemática

não conseguiam explicar

o rancor

os turvos ódios

a tortura

e os falíveis sonhos

...

A vida nos olhava de frente

e depois nos virava as costas

não queríamos ser

como aqueles seres

nem carne, nem peixe

meio barro, meio tijolo

que apagavam suas pegadas

ao caminhar

não queríamos passar a vida

jogando sal ao mar

e acariciando monstros.  ]

 

Fragmento do poema “SERENATAS”, do livro “O Livro da Adolescência”

 

Palimpsesto Carbono

Os poemas de Euro S. R. tratam da jornada humana das mais diversas formas; e as suas criações visuais apontam para as múltiplas possibilidades de cada um se relacionar com a vida e com os materiais. Seu “Palimpsesto Carbono” evoca, já no título, um elemento essencial para os seres vivos. Basta lembrar que o gás carbônico, por exemplo, é utilizado para alguns organismos realizarem a fotossíntese. Além disso, o carbono se faz presente em rochas e oceanos. Integra ainda materiais usados nas artes plásticas, como o carvão e o grafite. No aspecto químico, pela sua enorme capacidade de ligação a outros elementos, está em nosso DNA. Como apontam o texto e o palimpsesto de Euro S. R., a física e a matemática podem não explicar “os falíveis sonhos”, mas o carbono, essencial em alguns materiais artísticos, nos ajuda a transformar nossos “monstros” internos em imagens inesquecíveis.

Oscar D’Ambrosio