A arte tem como elemento primordial a liberdade. O pintor precisa ter autonomia para criar; a obra deve poder ser mostrada nos mais diversos canais e plataformas; e o público necessita ter acesso a todas as formas existentes de divulgação. Dessa maneira, o círculo criador-criatura-público se manifesta de maneira virtuosa e contínua.
A obra de Alex dos Santos pode ser vista além de rótulos. Seus elementos compositivos e estruturais estão justamente na maneira como o artista lida com as imagens, com cenas plenas de figuras em situações que surgem da sua imaginação. Elas mantêm um pé no mundo considerado real; e outro, no lúdico e na maneira própria de entender o espaço.
É o que ocorre no caminhão que carrega gado e ganha um formato curvo. Os personagens, cada um exercendo uma função no contexto instaurado pelo artista, apontam para uma nova realidade. Ele estabelece o seu mundo e o devolve para nós, que vemos a obra e potencializamos seu significado de acordo com as nossas referências.
Esse jogo está além de rótulos artísticos. Trata-se de um processo mental que entende a arte como interpretação do que se costuma conceber como mundo real. Essa discussão aponta para o que já fomos, o que hoje somos e o que podemos ser pela capacidade da arte de transformar o nosso cotidiano e a nossa visão de universo.
Oscar D’Ambrosio