deus®, de Paulo Hardt
Texto de Paulo Hardt Não há na proposta nada de religioso. Minha proposta é um fundo preto, que remete a um universo, paralelo ou não, onde no centro da imagem há algum ruído, algo suave que sabemos que está ali, mas não detectamos de imediato, a não ser que nos aproximemos bastante para podermos distinguir do que se trata. Se é que conseguimos. Ao fixarmos os olhos nesse fundo escuro, quase preto, depois de um tempo já mais acostumados com a luz, podemos notar a palavra: deus®, com a letra 'R' de marca registrada. O Invisível Indizível Inexplicável. Apenas uma constatação de algo que já está arraigado, registrado na memória ancestral do humano, seja essa palavra no singular ou no plural, sem dízimos universais. Será que os outros animais na natureza, teriam esse sentimento também registrado? Ao infinito e além!
Texto de Oscar D’Ambrosio
O conceito de invisível, naturalmente, remete a algo que não se pode ver. O trabalho de Paulo Hardt aponta para uma imagem aparentemente marcada pelo vazio, mas onde é possível distinguir uma marca registrada associada à palavra “deus”, em letra minúscula. É curioso verificar como tanto o branco como o preto são associados a alguma espécie de silêncio. Um espaço todo branco pode ser relaxante para alguns, mas assustador para outros, justamente porque o ilimitado de possibilidades pode dar medo. Um espaço todo preto é geralmente associado ao caos primordial, que surge como tenebroso. Nos dois casos, qualquer visão absoluta é discutível. Nem o branco nem o preto são totalmente cheios ou vazios. É nessas nuanças que a arte pode ocorrer de maneira produtiva, sem maniqueísmos.