Há projetos visuais que parecem sinfonias com os seus silêncios e movimentos próprios. É o caso das três fotografias de Eliane Mezari unidas pela temática “Final de Tarde”. Elas trabalham plasticamente com sombras na parede. A primeira lida com as proporções, pois aquilo o que é grande pode ser visto como pequeno e vice-versa sob uma luz amarelada. A segunda propõe a discussão dos elos entre o humano e o natural, em que a caixa de força dialoga com a flor, numa conversa entre a rigidez das linhas da técnica e as formas orgânicas de uma estrutura reprodutora que permite, portanto, a continuidade da vida da espécie. A terceira, em tons mais claros, traz as acurvas da rósea flor em composição com as linhas da sombra na parede. O conjunto proporciona um pensar entre o real que se vê alterado pela luminosidade, as sombras que se alteram pela posição do sol e a emoção que tudo isso propicia.
Oscar D’Ambrosio