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diárias de bordo

Frida de Marilena Borrás Mendez

Frida de Marilena Borrás Mendez
04/06/2021

A Frida de Marilena Borrás Mendez, ao representar metade de um rosto, traz a manifestação da presença de uma ausência, ou seja, automaticamente a mente é levada a imaginar e complementar aquilo que não está no quadro, mas que é sugerido. Esse jogo entre as instâncias do ser/parecer e real/imaginário vai desde aquilo que é talvez supérfluo, como o adorno da cabeça, ao que pode ser visto como essencial, como a complementariedade do rosto. Acima de tudo, o trabalho nos obriga a observar melhor aquilo que vemos e estimula a pensar sobre o que não está à vista. A arte, em última análise, exerce essa função de apresentar um algo (imagem, som...) que conduz a pensar em outras relações, fazendo refletir sobre o que ali está e o que não está. A relação dialógica entre o fundo e a figura do trabalho complementa essa conversa material e filosófica entre o que enxergamos e o que pensamos.

 

Oscar D’Ambrosio