As obras de arte têm um estranho e fantástico potencial. Elas se realizam completamente quando encontram o olhar do observador. Trata-se de um processo complexo em que aquilo que o criador pensa no seu processo criativo nem sempre encontra guarida naquilo que o receptor da imagem interpreta. Essa riqueza de interpretações gera uma rica caminhada pelo universo plástico. A obra “Agreste 2”, de Katia Brasileiro, por exemplo, se pensarmos na horizontalidade do trabalho, instaura uma gradação que vai, da esquerda para a direita, de tons amarelados para os mais próximos do vinho, passando pelo preto e marrom. Realizada com técnica mista e técnica texturada, o trabalho, um díptico (30 x 140 cm cada peça) que pode ser interpretado também na vertical, auxilia a criar uma parede de vestígios que sugere visões planisféricas de mapas imaginários ou restos de pinturas ou de civilizações.
Oscar D’Ambrosio