"Tem gente que passa por aí sem perceber os presentes", de Márcia Loretti
Tem gente que passa por aí sem perceber os presentes.
"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho" disse Carlos Drummond, um dia desses...
já o meu amigo Manoel de Barros falava que era um " apanhador de desperdícios"
Adélia Prado, já tinha um outro olhar sobre a poesia da vida e o poder de Deus e falava que
"De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo."
Isso sim é triste. Não ter poesia.
Eu, não perco um presente que me é ofertado
preciso sentir o sol, o vento, poder enxergar um pouco além das horas corridas e contadas através de um objeto que faz com que todos envelheçam cronometrando o seu tempo de existência matando assim em cada um a sua verdadeira forma de ser, o viver...
não sei viver esse tempo, de janeiro a dezembro, um ano, um mês, noite e dia e quem sabe um café a tarde.
pobre vida.
e há quem deseja ainda a sobrevida nessa vida.
não consigo.
e luto com o luto de coisas que morrem e nascem em mim.
porque até para viver é preciso morrer.
O melhor caminho pra conseguir viver de verdade, uma verdade.
é reconhecer que a todo instante nascer e morrer faz parte,
e que é preciso acreditar nos pequenos presentes da vida.
nunca consigo nascer da mesma forma.
mas uma coisa eu sei, presente que é dado nunca é esquecido.
Acho que Drummond, Manoel, Adélia e muitos outros também sabem disso.
Planície com flores, Fernando Centeno
Esta pintura apresenta a jornada da vida como um caminho. Pode-se carregar pesos no trabalho, na vida emocional ou na afetiva), mas conservar os olhos abertos para as plantações de flores da jornada é uma maneira de preservar a saúde mental. Na vereda, é possível vislumbrar pétalas de várias cores. Torna-se essencial permanecer alerta para ver em cada uma a manifestação de expressões de um todo que merece ser contemplado.
Oscar D’Ambrosio