Pensar em Frida Kahlo é trabalhar em um universo de dualidades. Cristina Ravagnani opta por construir uma imagem em que a pintora mexicana aparece em seu esplendor, rodeada de elementos simbólicos que a caracterizaram ao longo da existência. As flores sobre a cabeça, adorno que tem origem na cultura popular dos nativos locais, assim como a sua blusa, são colocadas junto à leveza do voo do colibri e aos pinceis. As espessas sobrancelhas e o os olhos pintados dão força à imagem, enquanto os brincos exuberantes dialogam com a cor do pássaro e a vivacidade do macaquinho. O fundo azul indica a elevação da artista, cujo rosto está rodeado por três de suas frases, com destaque a que despreza os pés, responsáveis pela sua dificuldade de mobilidade após um acidente de bonde na juventude, e valoriza as asas da imaginação da sua arte.
Esta obra integra a exposição "Imperfeita", realizada pelo Coletivo 284, com curadoria de Clara Afonso.
Oscar D’Ambrosio