Frida Kahlo concilia pulsões de masculino e feminino; e de vida e de morte. Ju Barros aponta forças e fragilidades de uma artista que se tornou um ícone de uma existência marcada por polaridades perante as suas dores físicas e as suas relações afetivas. À esquerda, ela está de cabeça para cima, com as flores nos cabelos que caracterizam a sua imagem pública, assim como a foice o martelo, símbolos do marxismo, ideologia que defendeu e aliou ao seu forte vínculo pessoal com a cultura popular mexicana. À direita, está o lado sombrio da criadora visual, caracterizado principalmente pelas dores do acidente que a levou a numerosas cirurgias na coluna e a nunca poder gerar um desejado bebê. As lágrimas que caem da rosa que se desintegra são símbolos de seu próprio esfacelamento. Sus mãos seguram o cigarro da morte prazerosa e a rosa da beleza efêmera, ícones de sua jornada.
Esta obra integra a exposição "Imperfeita", realizada pelo Coletivo 284, com curadoria de Clara Afonso.
Oscar D’Ambrosio