De onde provêm os trabalhos visuais? As respostas são múltiplas. Muitas vezes basta um estímulo externo para desencadear uma ebulição. É o que ocorre com o desenho que acompanha este post, de Zé, de Socorro, SP. A partir do filme, “Entre irmãs”, de 2017, exibido dia 24/5/2021 na televisão, surge uma potente expressão em nanquim. A obra, dirigida por Breno Silveira, se passa em Taguaritinga do Norte, PE, nos anos 1930. As irmãs Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) aprendem com a tia Sofia (Cyria Coentro) o ofício de costureira. A primeira está integrada ao ambiente, mas enfrenta as dificuldades de ter um braço atrofiado por ter caído de uma árvore quando criança, enquanto a segunda deseja sair daquela vida e ir para uma cidade maior. A vida de todas muda com a chegada do cangaceiro Carcará (Júlio Machado), que as obriga a costurar para o bando que lidera. A imagem de Zé visual se concentra no rosto do líder e na sua relação com o sol, espécie de olho solar (ou solar olho?) picassiano que tudo observa e a todos pode iluminar ou castigar.
Oscar D’Ambrosio