Com spray colorido e tinta acrílica, Nivaldo Gonçalves mergulha na arte abstrata. É um caminho repleto de desafios que pode ser pensado em várias dimensões. Uma delas está no ato de criação propriamente dito. Um aspecto é que ele não tem cânones definidos. As convenções do gênero apontam para a liberdade expressiva. Outra está no uso da cor, que, por questões simbólicas e culturais, traz alguma carga de convencionalidade, seja inconsciente e arquetípica ou absorvida pela tradição. Aas referências do observador, por memórias afetivas e/ou pelas suas referências visuais, tende a jogar conceitos que lhe são caros na obra que visualiza. Nivaldo Gonçalves apresenta a sua liberdade do gesto, com o uso do roxo (espiritualidade), amarelo (poder terreno ou divino), vermelho (vida) e preto (densidade relacionada a aspectos materiais e temporais da vida), criando sobreposições que sugerem inquietações existenciais.
Oscar D’Ambrosio