Segundo o mito grego, a esfinge, monstro alado com rosto de mulher e corpo de leão que afligia a cidade de Tebas, apresentava aos viajantes o seguinte enigma: “Que animal anda pela manhã sobre quatro patas; à tarde, sobre duas; e, à noite, sobre três?”. Quem não sabia a resposta era devorado. Édipo teria decifrado a charada, dizendo: “O Homem”. Derrotada, a esfinge se mata e o filho de Laio é recebido como herói, sendo escolhido como rei da cidade. Simbolicamente, os seres humanos engatinham (quatro “patas”) na infância, caminham eretos na fase adulta (duas) e se apoiam em uma bengala (três) na velhice. A imagem de Zé, de Socorro, SP, realizada com caneta cristal (205 x 160 mm), aponta para esse destino humano. Os pais cuidam dos filhos na infância, mas a ação se inverte na velhice dos pais, que necessitam da atenção dos filhos, em um ciclo que tem no abraço carinhoso a sua metáfora.
Oscar D’Ambrosio