Poema de Elaine Perez
É caminho que eu faço. A distância diminui passo a passo. Corações entram em compasso. Quando nos unimos no abraço. O encontro se dá quando, meu limite, ultrapasso. Descanso, em você, o cansaço. Amorizamos nossos braços. Quando nos unimos no abraço. É arte de desenhar laço. A vontade toca e eu traço. As mãos se abrem, e se unem, no espaço. Quando nos unimos no abraço. O afeto nos envolve quando entrelaço. Seu corpo ao meu, fisico, mental ou no ciberespaço. A alma, num gesto, satisfaço. Quando nos unimos no abraço. Minha mente se acende quando refaço. O gesto de carinho quando perpasso. Cada movimento do enlaço. Quando nos unimos no abraço. Obrigada, à ti, com afeto, engraço. Virtualmente, dou-te um carinhoso abraço.
O Abraço de Amor do Universo, a Terra (México), Eu, Diego e o sr. Xólotl, de Frida Kahlo
“O Abraço de Amor do Universo, a Terra (México), Eu, Diego e o sr. Xólotl”, obra pintada em 1949 por Frida Kahlo, apresenta as diversas e multifacetadas ambivalências que pode haver no aconchego de um ser em relação a outro. Há, por exemplo, o universo da luminosidade e da consciência solar, mas também do escuro e da inconsciência da lua. A terra forma um grande triângulo visual, mas o ar se faz presente dos dois lados da parte superior do fundo do quadro. E os abraços são vários: a Mãe Terra abriga o autorretrato de Frida, que nina seu amado, egocêntrico e infantil Diego Rivera. Ele tem o espiritual olho da sabedoria na fronte, mas está rodeado das telúricas raízes e plantas mexicanas – e há ainda Xolotl, divindade que tinha a missão de guiar as almas dos mortos, mas também nome da profana raça de cão que está na obra. Assim, o “carinhoso abraço” de Elaine Perez se realiza e se parte.
Oscar D’Ambrosio