Ao praticar atividades destinadas a curar pessoas doentes, aplicando sobre elas gestos acompanhados por alguma erva com pretensos poderes sobrenaturais e alguma prece, as benzedeiras, também conhecidas como rezadoras ou curadoras, são um importante elemento da cultura popular brasileira. Manifestações de sincretismo religioso, têm origens nos pajés indígenas, se valem de orações cristãs e de tradições que provêm da cultura africana, trazido ao Brasil pela nefasta escravidão. A pintura de Natalício Barbosa enfoca a benzedeira Dona Tita, negra com ervas em uma mão e um terço em outra. A harmonia visual é conseguida pela distribuição dos personagens em grupos e pelas cores. A saia dela, por exemplo, dialoga com a casa maior; e o amarelo de quem recebe a bênção, com as portas e em uma pessoa sentada no branco. A distribuição dos verdes compõe o aconchego existencial que a obra propicia.
Oscar D’Ambrosio