Ao se pensar em “proteção”, duas imagens são geralmente evocadas. Uma é o “cuidado com algo ou alguém mais fraco”; e a outra, local de “abrigo” ou “guarita”. O trabalho de Herivelton Silva lida com ambos. Por um lado, existe a ideia da protagonista cuidando da criança indefesa que, em um contexto religioso, pode ser vista como o Menino Jesus, portanto o ser mais poderoso de todos, por ser parte da Santíssima Trindade. A imagem de proteger a onipotência transmite um paradoxal sentimento de humildade (entrega no gesto de elevar o pequeno corpo com as mãos), concentração (perceptível nos olhos fechados) e carinho (delicadeza do gesto). Por outro, a afinidade cromática entre o c orpo de quem guarda e de quem é guardado auxilia a criar uma atmosfera de local seguro e de integração. Perante a infinitude do universo no fundo da imagem, a delicadeza da sutil e firme proteção no acolhe sempre.Oscar D’Ambrosio