Entre as múltiplas definições de arte que existem, uma das mas simples e, ao mesmo tempo, mais provocadoras, é a que concebe o ato de criar como um constante indagar. Cada trabalho seria um questionamento do que se vê, uma maneira de conceber o mundo em que os sonhos e ideias têm um papel fundamental. A fotografia de Michele Angelillo mostra um rapaz construindo um castelo de areia. As suas mãos erguem um local que se transforma em uma residência da imaginação, que inclui desde narrativas medievais a um dos mais tradicionais e encantados símbolos da Disney. Nesse contexto, os grãos de areia são fascinantes enquanto matéria-prima, pois escorrem nos vãos de nossos dedos. Assim como os sonhos, as suas possibilidades de cristalização eterna são efêmeras; mas a imagem dos castelos, seja qual for o suporte em que sejam feitos, sempre pode ser reconstruída.
Oscar D’Ambrosio