Os diálogos entre a natureza, a ciência e a arte já sofreram diversas rupturas. O ser humano se afastou do ambiente em que vive; e a arte pode propor reaproximações. Durante a residência LabVerde, em 2018, Claudia Tavares observou redes armadas por pesquisadores para coletar folhas que caem das árvores e assim estudar seu ciclo de crescimento. Também observou teias de aranha tecidas coletivamente em torno de grandes folhas de árvores para coletar folhas menores e insetos. Perante essa situação em que a ciência e a natureza se manifestavam, faltava a arte. Ela propôs então as suas redes, tecidas com linhas de algodão entre troncos e galhos de árvores. Em todas elas, podem cair insetos, aranhas, água, umidade, folhas e flores. As três redes podem conviver em harmonia. A da ciência objetiva o saber; a das aranhas, a sobrevivência; e a da arte não tem função objetiva, a não ser o fascínio de fazer pensar.
Oscar D’Ambrosio