Liberdade é uma palavra fundamental no universo da arte. Uma coisa é andar pela rua pensando; outra, caminhar vendo. Trata-se de um processo em que se desenvolve uma atenção não linear que está acima das proporções consideradas corretas e permite mergulhar no imaginar e no estabelecer uma linguagem que se paute por novos hábitos. Na obra de João Rodrigues, novos significados surgem quando flores são transformadas em explosões de desenho ou de cor. Os gestos, nesse contexto, ganham protagonismo. O questionamento e o estímulo à própria capacidade permitem uma busca que pode incorporar novos signos, como letras e números, de modo que as inquietações pessoais se tornem universais. Desse modo, a arte pode ser entendida, na poética de João Rodrigues, como uma máscara colocada sobre o real que, ao ser deglutida em sua essência, permite ver melhor o mundo que nos cerca.
Oscar D’Ambrosio