Realizada com aquarela, lápis e um papel indiano (155 x 10 cm) 100% algodão, da Khadi Papers, a “Santa Ana nos Trópicos”, de Marinilda Boulay, coloca a mãe de Maria e avó de Jesus em um contexto vinculado à cultura indígena. O nome Ana provém do hebraico “Hannah”, que significa "Graça", já que ela, casada com o futuro São Joaquim, deu à luz em idade avançada, recebendo a benção de gerar Maria de Nazaré. Santa Ana tornou-se no Brasil a matrona branca dos engenhos, a guardiã da religião católica no catecismo nas senzalas. Isso decorreu porque, na iconografia europeia, é apresentada com um pergaminho ou livro, simbolizando os ensinamentos da fé que passou para a filha Maria. Na representação de Marinilda, o livro e a menina são mantidos, mas os cocares e a natureza tropical evocam o universo dos índios. Está também preservado o azul, que costuma aludir ao céu que Cristo abrirá para a Humanidade.
Oscar D’Ambrosio