Perante o desafio de uma tela ou de um papel em branco, há múltiplas respostas. O artista Zé, de Socorro, SP, oferece a sua. Talvez o grande mistério esteja no desenvolvimento de uma inteligência visual, ou seja, de uma capacidade de observação que nunca vê o branco como vazio ou impossibilidade. Se um vestígio de pintura de parede ou uma fresta são potências a serem captadas, por que o espaço em branco seria diferente? É necessária atenção para ver o que existe no mundo externo e no mundo interno. Quando esses dois se encontram, o espaço em branco se preenche, mesmo que seja por camadas de branco. Perante a desordem do mundo e o branco de um suporte, cada artista cria a sua organização pessoal, emotiva e/ou racional. Toda criança teve contato com o papel em branco da existência. A maioria, em algum momento, desistiu de preenchê-lo. O artista persevera e continua a recheá-lo de sonhos.
Oscar D’Ambrosio