Michele Angelillo, em “Artista di Strada”, apresenta a sua visão de um berimbau, instrumento de corda com origem em Angola e tradicional da Bahia, sendo utilizado para acompanhar a capoeira. Constituído por uma vara em arco, de madeira ou verga, com um fio de aço preso nas extremidades, com uma cabaça que funciona como caixa de ressonância, o berimbau demanda que o tocador utilize uma das mãos para sustentar o conjunto, valendo-se de uma pedra ou moeda para pressionar o fio, enquanto, com a outra, se vale de uma varinha para percutir a corda. A imagem foca justamente essa mecânica do instrumentista, mas o tratamento visual da foto leva a outras interpretações, pois a forma arredondada da caixa de ressonância evoca o próprio mundo, como um local a ser tocado e cuidado. E logo surge a pergunta: estamos fazendo isso adequadamente?
Oscar D’Ambrosio