Intitulada “Trem das Cores”, nome de música composta por Caetano Veloso e inserida no álbum “Cores, Nomes” (1982), a fine art impressa a partir de aquarela sobre papel, em 2020, por Daniele Bloris, é fruto de um mergulho interior da artista em que a improvisação e a intuição têm um papel essencial. Como diz a música (“A língua é minha pátria/E eu não tenho pátria, tenho mátria/E quero fratria”), a arte é a pátria da artista e, nesse aspecto, o trabalho atinge uma transcendência fraternal que se dá pela utopia e pelo sonho. As transparências da aquarela sugerem a possibilidade de transformar o mundo, pois Daniele Bloris as utiliza para desestabilizar o estabelecido, de modo a praticar um exercício de busca da verdade que leva a inesgotáveis interpretações do mundo que consideramos real. O seu trabalho é rico porque gera inquietação e estimula um aprendizado visual pelas questões que coloca.
Oscar D’Ambrosio