“Catador de Papel”, obra de André Franco, de 2012, é uma homenagem aos que sobrevivem do descartado todos os dias pela sociedade. Na complexa relação entre a abundância de que poucos usufruem e a escassez que se abate sobre muitos, o artista transforma, com cores rebaixadas e uma composição caracterizada pela leveza que integra seus elementos visuais, a vida dos trabalhadores que ganham o sustento a partir dos restos da civilização. O protagonista é representado junto ao seu fiel companheiro e protetor, o cão. Eles sobem uma escada fantasiosa, ícone de uma ascensão simbólica que a técnica do artista instaura. O clima onírico torna mais suportável o peso do carrinho e da própria mente. A arte tem esse poder de tornar sutil e bela até as realidades mais adversas e densas. O traço de um artista pode transformar tudo. A sua falta de limites o torna um infinito campo de criação de esperanças.
Oscar D’Ambrosio