Os símbolos ancestrais falam por si sós. Vinculados aos arquétipos, trazem, via inconsciente coletivo, representações visuais com significados universais. Ulysses Monteiro lida com essas ricas e inesgotáveis camadas. Ao centro de sua imagem, temos um círculo e, dentro dele, uma “Árvore da Vida”. A construção visual desse elemento da natureza comporta diversas dimensões: as raízes extrapolam o círculo e se diluem dentro de um todo fragmentado; o tronco funciona como suporte que se nutre do fluxo que vem das raízes; e os galhos sustentam uma copa que se constitui e confunde com o céu. A poesia da imagem reside nessa capacidade de estabelecer uma visualidade que dialoga com a jornada vivencial humana, desde as suas origens na terra até seu mergulho espiritual nas dimensões misteriosas e incompreensíveis do destino escrito nos céus.
Oscar D’Ambrosio