“Moto-contínuos”, obra de Ssara Dinizz, com 43 cm de altura e base de 19 x 2 cm, é feita com papietagem, técnica artesanal derivada do papel maché que consiste em usar tiras ou pedaços de papel umedecidos em uma solução de água com cola e aplicá-las sobre uma estrutura.
O mote do trabalho é fascinante, porque moto-contínuo, também chamada “máquina de movimento perpétuo” ou “perpetuum mobile”, refere-se a máquinas hipotéticas que reutilizariam indefinidamente a energia gerada por seu próprio movimento.
A ciência é consensual: moto-contínuos são impossíveis de serem construídos, pois a física mecânica entende que a energia aplicada é igual ou maior ao trabalho realizado.
Portanto, não haveria energia suficiente para iniciar uma nova ação.
A construção visual proposta traz justamente a discussão de onde a energia inicia a sua jornada e como ela consegue se retroalimentar, em um eterno começo sem fim ou vice-versa.
Se o moto-contínuo é tratado, na ciência, como impossibilidade; na arte, que tudo permite, como mostra a obra de Ssara Dinizz, ele se torna uma viabilidade estética.
Oscar D’Ambrosio