Espécie de cerâmica branca menos rica em caulim que a porcelana, a faiança fornece diversos recursos plásticos para se obter variados efeitos.
A série “Canto de Desalento na Estação Cerrado”, de Marly Gribel, mergulha justamente nessas possibilidades.
Em certos momentos de exaltação, se vale das cores mais quentes, para indicar a força do verão ou a delicadeza da primavera.
Em outros, como outono e inverno, há um rebaixamento das tonalidades para gerar atmosferas em que predomina o ambiente seco, o silêncio e a desolação.
O conjunto de trabalhos aponta justamente para a alternância entre aquilo que a vida oferece de mais intenso e as suas facetas mais tristes.
O eterno ciclo das quatro estações do bioma do Cerrado faz refletir sobre o próprio andamento da vida, com suas etapas de nascimento, maturidade, envelhecimento e morte.
Do mesmo modo, as cerâmicas de Marly Gribel expressam o contínuo fluir da natureza e da existência humana.
Oscar D’Ambrosio