Oscar D'Ambrosio

Martins de Porangaba, em "A cabeça da Boiuna sobe ao céu para ser lua", obra da Série “Macunaíma”, realizada com tinta acrílica sobre tela (200 x 250 cm), realizada entre 2013/2016, retoma o mito da boiuna, tratado por Mário de Andrade em seu célebre livro. Também chamada de Mboi-Una, cobra-grande, mãe-do-rio ou senhora-das-águas, é uma lenda amazônica de origem ameríndia, descrita como uma enorme cobra escura que vira embarcações e assume a forma delas, atraindo pessoas para o fundo das águas. Em algumas narrativas, assume inclusive a forma de mulher para seduzir e matar. Na obra do escritor paulistano, Macunaíma corta a cabeça dela, que se tornou escrava do herói. Rejeitada por ele, decidiu ser a lua e, à noite, escalou o céu por uma teia de aranha. Na pintura, essa narrativa simbólica é consolidada em uma massa de linhas arredondadas e equilíbrio cromático.Oscar D’Ambrosio