“Sonho Tupiniquim”, de Sylvia Cordeiro, leva a um espaço onírico em que as personagens são colocadas em uma situação improvável, mas que ganha “veracidade” pelas relações internas que estabelece. Há um indígena, à direita, cujos lábios estão colados a uma figura feminina central que remete à cultura egípcia. Ainda surgem animais que fortalecem a ideia de um mundo que se dá em um tempo diferente do nosso. É nas conexões aparentemente improváveis que a arte se realiza com mais intensidade. A presença de aves intensifica o conceito de que a obra nos remete a um outro mundo, de sonho, em que tudo se torna possível. É a arte, por meio da composição visual, das formas e das cores, que exercem seu simbólico papel, que a fantasia se instaura. Cria-se uma outra realidade, que tudo parece permitir e que nos fascina por derrubar os limites do conhecido.
Oscar D’Ambrosio