O título “A lenda do dia e da noite”, da obra de Luciana Mariano (@lucianamariano.artnaif), evoca uma narrativa do povo indígena Karajá, da ilha do Bananal e das margens dos rios Araguaia e Javaés. A Noite viveria prisioneira dentro de um coco de tucumã, no mais fundo dos rios, guardada por uma cobra, até o herói Aruanã ir libertá-la. A obra pictórica constitui uma pessoal interpretação visual. O papel de parede instaura um clima onírico. A janela revela a divisão entre a noite, simbolizada pela lua, e o dia, com céu azul celeste e nuvens brancas. No beiral da janela, índice de transição, uma moça de vestido verde (representação da natureza), cabelos lisos pretos e grafismo no antebraço, que dialoga com o contorno da janela, aumenta o mistério da cena. O fruto e a flor, pela tonalidade vermelha, criam uma curva que aponta para a mão da protagonista, que justamente toca a cortina da noite, que tudo pode cobrir.
Oscar D’Ambrosio