“Cerne do Machismo”, de Ge Guevara, apresenta, em uma imagem, dividida em dois ambientes, as raízes do machismo estrutural, ou seja, a divisão de funções na casa que deixa a cozinha para as mulheres prepararem a comida e para as meninas arrumarem a mesa de refeições; e a sala para os homens verem televisão e para os meninos brincarem. A reprodução desse modelo traz uma série de consequências que vão desde a sobrecarga do sexo feminino, com acúmulo de jornadas (trabalho externo, do lar e cuidar de idosos. Outro fator é que as crianças tendem a reproduzir os modelos que recebem. Começa então a parecer natural que a mulher permaneça junto às panelas e o homem veja as notícias na televisão. A obra de Ge Guevara alerta como essa visão machista leva à normalização do feminicídio e ao aumento da violência contra a mulher como vem ocorrendo na presente pandemia.
Oscar D’Ambrosio