Símbolo da vida e do renascimento, o ovo tem conotações ligadas às origens da existência. Na Idade Média, até existia uma tradição que afirmava que o mundo teria surgido dentro de sua casca. Nessas concepções, existe a ideia geral que vê o ovo como um local de transformação, um repositório de uma nova vida. Estaria ali o germe de um recomeçar, associado à forma dos testículos. No entanto, há nas interpretações do ovo a sua associação menos com a sexualidade e mais com a pureza da cor branca e a fragilidade da casca. O ovo surge então como portador da vida em latência vinculada à energia vital e às renovações periódicas da natureza. Os dois ovos feitos em cerâmica por Eliana Tsuru lidam justamente com esses aspectos. Um é o mundo negro e ocre do planeta devastado pela pandemia. O outro, a liberdade para o novo, com as possibilidades sugeridas pela abertura de sua casca.
Oscar D’Ambrosio