Cerâmicas impressas, telas aquareladas e assemblage de fios e telas desfiadas integram o universo poético de Ana Maria Xavier Guimarães. A onipresença do coronavírus, responsável pela Covid-19, traz, para o seu trabalho, aberturas. As pessoas foram separadas da vida pela morte ou afastadas umas das outras pela necessidade do isolamento social. As fissuras instauram mistério. Múltiplas cores e materiais apontam para a diversidade de possibilidades. Se tramas podem ser desvendadas, também há véus que cobrem elos esgarçados da pessoa com ela mesma, com a sociedade e com o ambiente. As tramas privadas e coletivas se mesclam. As colinas de um relevo; com seus altos e baixos, e seus vãos, mais largos ou estreitos; metaforizam as próprias ondulações da vida, que funcionam como batimentos cardíacos, em uma dinâmica de aproximações e distâncias que permite o fluir da vida.
Oscar D’Ambrosio