“Covid”, obra de Moni Pimenta, é uma releitura da célebre tela "O sapo”, de Tarsila do Amaral, de 1928. Ao ver a obra de Tarsila que tem o anfíbio verde como protagonista, logo vem à mente o poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, publicado no livro “Carnaval” (1919), em que os versos fazem uma sátira ao movimento Parnasiano, que precedeu o Modernismo, e foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922. No texto, em oposição aos vaidosos sapos, existe um que é diferente: “Lá, fugido ao mundo,/Sem glória, sem fé,/No perau profundo/E solitário, é//Que soluças tu,/Transido de frio,/Sapo-cururu/Da beira do rio...”. O sapo de Moni Pimenta, assim como o modernista, anuncia um novo mundo. Mas, se o modernismo, com seus seguidores, leva à libertação da estética do passado, o novo coronavírus traz, com suas novas cepas, a morte.
Oscar D’Ambrosio