“Fé, esperança e amor”, arte digital (9000 x 11000 px em 150 dpi), de 2021, de Kika Magalhães, reúne as caraterísticas que tradicionalmente estão ligadas à arte abstrata. No entanto, sempre que se observa uma imagem, mesmo que ela aparentemente não tenha um referencial no mundo entendido como real, o cérebro humano, em sua preguiça neurológica, busca encontrar ali algo reconhecível. Nesse contexto, a obra de Kika Magalhães apresenta um retrato do que a pandemia causa no mundo em suas mais variadas dimensões. Perante um ser microscópio que é quase uma imaterialidade, a sociedade, que parecia caminhar, mesmo aos trancos e barrancos, dentro de uma certa lógica, se vê profundamente abalada. Uma reconstrução será necessária – e começar de uma fragmentação é um desafio dos mais difíceis, em que somente o espírito solidário poderá fornecer as melhores respostas.
Oscar D’Ambrosio