A dualidade se manifesta na arte de muitas maneiras. Luciana Mariano apresenta um trabalho em que surgem duas figuras do sexo feminino sentadas em uma sala. Uma é bem mais jovem do que a outra. Há entre elas um diálogo visual. A da esquerda leva uma mão ao ouvido, segura uma folha de papel, usa colar e seus sapatos são brancos. A da direita está próxima a um telefone, não tem nada visível nas mãos, não tem colar e calça sapatos pretos. O ambiente segue essa mesma lógica complementar: acima da senhora, há o retrato de uma mulher com um bebê no colo; e, acima da menina, existe uma natureza-morta. No sofá, as almofadas são díspares, havendo uma quadrada, uma retangular e uma circular, com tonalidades que dialogam com o sofá e o tapete. Que a arte propicie uniões entre pessoas e gerações, para que conversas reais existam em seus níveis cada vez mais profundos. Oscar D’Ambrosio