A instalação “Nossa semelhança”, de Zilamar Takeda, é formada com vários abacates secos. Ao serem observados ao longo do tempo, geram múltiplas reflexões. As transformações que ocorrem com eles também se manifestam nos seres humanos. Após a extração da água de uma fruta, ela enruga e endurece. O mesmo ocorre com as pessoas, que, ao perderem a água, ou seja, o fluir da vida, tornam-se menos propícias a demonstrações de afeto e de carinho. Perder a água significa secar, metáfora de tornar-se mais fechado ao sentir. Nesse sentido, as costuras realizadas entre as partes do abacate indiciam a reconstrução que as emoções propiciam. As linhas que passam pelos furos simbolizam justamente esse percorrer estradas e veredas existenciais em que somos confrontados com tempos de abundância, mas também de seca, de carência e de dor. Oscar D’Ambrosio