A obra de Lucas de Pontes que trata do Dia Internacional contra a Discriminação Racial, realizada com nanquim sobre papel canson 300 g, traz numerosas possibilidades de discussão sobre a força de uma imagem, principalmente quando ela lida simultaneamente com diversos elementos. Por um lado, existe uma figura feminina reconhecível. Embora estilizada, aponta para as formas do feminino e para elementos intrínsecos como a sedução do olhar e a sensualidade e a sexualidade das curvas do corpo. Existem, porém, elementos que ameaçam essa liberdade, como as correntes e os quadriculados, que parecem apontar que todas as formas de expressão legítimas, conquistadas ao longo de séculos, podem ser ameaçadas a qualquer momento. É nessa tensão entre o passado agrilhoado e o futuro do reconhecimento que a imagem caminha e nos alerta para que o amanhã seja cada vez mais digno. Oscar D’Ambrosio